Tensão eleva o dólar e derruba a Bolsa

09 setembro 2021


O mercado financeiro sentiu o impacto da tensão desencadeada pelas ameaças feitas pelo presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, caiu 3,78%, para 113,4 mil pontos, menor nível desde março. O dólar subiu 2,89% e terminou o dia cotado a R$ 5,32. No médio prazo, segundo economistas, as perspectivas não são boas. As projeções para o PIB e a inflação de 2022 devem se deteriorar.

O aumento da instabilidade política, depois que o presidente Jair Bolsonaro ameaçou desrespeitar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), teve forte impacto ontem no mercado financeiro. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, caiu 3,78%, para 113,4 mil pontos – o menor nível desde 24 de março. Já o dólar avançou 2,89% e terminou o dia cotado a R$ 5,3261.

A queda na Bolsa foi a maior desde 8 de março (3,98%), quando o mesmo STF tornou o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elegível para as eleições presidenciais de 2022. No caso do dólar, a moeda alcançou o maior valor desde 23 de agosto (R$ 5,38), e teve a maior variação porcentual num só dia desde 30 de julho (2,57%).

No médio prazo, segundo economistas, as perspectivas também não são boas. Com o aumento das incertezas, as projeções para o PIB e a inflação de 2022 devem se deteriorar ainda mais. “Os eventos de ontem (terça-feira) colocam na mesa o risco de que Bolsonaro não termine o mandato, seja via impeachment, seja por meio de uma cassação. Quando isso entra no radar, as incertezas são maiores, e isso pesa na economia, nas decisões de consumo e de investimento”, diz a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria.

Esse cenário mais incerto está fazendo a economista rever sua estimativa de alta do PIB em 2022, de 2,2% para 1,8%. Alessandra afirma que há possibilidade de o crescimento ser ainda menor. “Há também o risco em relação ao resultado eleitoral, especialmente se Bolsonaro não for vencedor. Aí, podemos ter uma transição de poder que não seja pacífica. Isso traz mais incerteza e torna o ambiente mais difícil para a economia.”

Para o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, as manifestações de 7 de Setembro fizeram com que a disputa eleitoral de 2022 e as incertezas geradas por ela ganhassem importância na formação dos preços dos ativos brasileiros. Com isso, a instabilidade no mercado começa mais cedo do que o esperado para um período eleitoral – e o prêmio de risco também sobe.

“Isso torna muito pouco provável que os preços convirjam para o patamar que faria sentido de acordo com os fundamentos (da economia). Um valor justo para a Bolsa hoje, por exemplo, seria de 130 mil pontos, e, para o dólar, de R$ 4,70”, diz Padovani. De acordo com ele, a deterioração financeira vai elevar o custo do crédito, o que afetará negativamente a economia. Para este ano, Padovani ainda projeta uma alta de 5,3% no PIB, dado que a reabertura da economia vai compensar as incertezas, mas, para 2022, a estimativa é de 1,8%, com viés negativo.

A economista Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia, da FGV (FGV Ibre), também afirma que sua projeção de 1,5% de PIB para 2022 já tem viés negativo. “Poderíamos estar comemorando os resultados da abertura da economia. Mas o cenário agora é de muita incerteza. Isso prejudica investimentos, emprego formal, crédito. Muitas decisões de investimentos vão ficar para depois das eleições.”

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo

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