Inadimplência atinge 30% da população

14 abril 2016


O Estado de S. Paulo

Francisco Carlos de Assis e Luiz Guilherme Gerbelli

12/04/2016 – A deterioração das condições econômicas do Brasil está provocando um aumento da inadimplência. Dois indicadores divulgados ontem (11) mostraram que a piora na renda e no emprego estão levando mais brasileiros a ficar com o nome sujo.

O levantamento feito pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que a quantidade de brasileiros com nome sujo subiu de 54,5 milhões em fevereiro para 58,7 milhões em março. Segundo a pesquisa, na passagem de fevereiro para março, cerca de 800 mil consumidores ficaram inaptos para adquirir novos financiamentos.

Para se ter ideia da grandeza desse número, ele representa 28,8% de toda a população brasileira estimada em cerca de 204 milhões e 39,64% da população com idade entre 18 e 95 anos.

Na pesquisa da Boa Vista SCPC, o indicador que mede o aumento da inadimplência subiu 2,8% no acumulado em 12 meses. No trimestre, a alta foi de 5,8%.

“Os dados do primeiro trimestre estão um pouco piores. Neste ano, estamos esperando um aumento da inadimplência”, afirma Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC.

O quadro atual da inadimplência é bastante diferente do verificado entre 2011 e 2012, quando muitos brasileiros se endividaram por causa da expansão do crédito num cenário econômico favorável, de aumento da renda e queda do desemprego. Atualmente, tanto a renda como o emprego estão se deteriorando e a inadimplência é explicada por problemas orçamentários familiares.

Orçamento. Foi justamente por um erro de cálculo no orçamento doméstico que Valquíria Ferreira Mascarenhas, de 43 anos, foi parar na lista dos inadimplentes. “Estamos vivendo uma situação difícil com o aumento do desemprego. Às vezes, fazemos uma conta achando que vamos conseguir pagar, mas no fim não dá. E a gente acaba se enrolando.” Valquíria deve R$ 100 para um banco e espera quitar a dívida nos próximos dias. Ela trabalha como doméstica e a renda familiar – somada com a do marido – é de R$ 2 mil.

A dívida de Andréia Aparecida da Silva, de 42 anos, é um pouco maior, de R$ 250. A situação financeira dela piorou quando a indústria nacional começou a dar os primeiros sinais de crise. Ela era terceirizada e trabalhava para a indústria têxtil como costureira. Sem demanda por trabalho e dinheiro, teve de vender as máquinas de costura. Ela, o marido e os dois filhos foram morar com uma tia porque não conseguiam mais pagar o aluguel. “A procura pelo meu trabalho começou a cair e me endividei.”

Hoje, ela vive de bicos e quer voltar a estudar. Espera concluir o Ensino Médio e entrar na faculdade de arquitetura.

Um pouco mais aliviado está Daniel Hitos, de 31 anos. Embora endividado, ele conseguiu um emprego num call center depois de dois anos desempregado e agora espera limpar o nome. “Hoje, moro com os meus pais, o que me ajuda bastante. Se eu morasse sozinho, não teria condições de manter.”

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